31 março 2010

Maturidade e adolescência - I

Ontem à noite eu tive aula de politicas públicas com a coordenadora da minha faculdade, e no intervalo batemos uma papo sobre o triste estado em que se encontra a Educação paulista, sobre como a massa, que determina o destino das eleições (para o bem e principalmente para mau), têm sua parcela de culpa nisso que somos obrigados a tentar salvar na UTI, todos os dias nas salas de aula.
Comentei sobre como as ETEC estão meio que no lucro se compararmos com as escolas de ensino comum. Ontem no banho, me peguei relembrando da conversa e da repulsa que minha irmã do meio, de 15 anos, têm pela figura do professor, e quando ela insinuou como sou igual a todos os professores que ela teve: que funcionam naquele esquema: lousas e lousas escritas, alguns exercícios, provas, lousas e lousas... um relacionamento frio (para não dizer inexistente), professores que não sabem o nome dos alunos (pois fazem chamada pelo número), professores que ao invés de estimular os alunos a irem além do seu mínimo, não vêem a hora da aula acabar (às vezes até mais do que os próprios alunos).
O lance da maturidade vem agora: eu não tive irmão mais velho ou amigos para me aconselharem, e toda vez que eu aconselhava minha irmã do meio a entrar na ETEC de SJC, ela dizia "estudar prá quê?". Confesso que não é algo fácil para um professor admitir que suas irmãs tenham esse pensamento, que preferem ter uma ocupação secundária, ganhar uma miséria, e não ter que pensar. E suas vidas se resumirem nisso.
Lógico, ela tem 15 anos e muita coisa se esxplica aí, assim como muitos adolescentes, mas aí penso em meus alunos das ETEC. Tudo bem que não são todos, há suas exceções, mas geralmente estã ali porque já estão pensando no mercado de trabalho, e isso é pensar no futuro, o futuro deles.
Fico pensando naqueles alunos (uma minoria) que não sei o que estão fazendo no curso técnico, como fazê-los entender que o mercado está tão feroz que não há espaço só para os rostinhos bonitos, que vivemos numa escassez constante e crescente de empregos pensantes e que pagam bem, pois as vagas que surgem no mercado de trabalho na sua maioria são vagas que pegam baixos salários, que não precisa pensar e que os fds são sacrificados em sua maioria.
Penso em quando eles acordarão e quão doloroso será o tombo. E que ninguém estará ao lado deles para segurar suas mãos, nem para aconselhá-los.

3 comentários:

Dinha disse...

Acrescento que muitos também têm a ilusão do diploma/certificados. Se importam tão somente com as notas e não em "saber fazer". Aprendem os macetes das entrevistas, tiram primeiro lugar no quesito aparência, mas quando têm que demonstram o conhecimento envergonham o nome da escola. A adolescência por excelência é a fase dos relacionamentos, não somente amorosos. Mas, muitos jovens, mesmo no curso técnico, acham que a escola é lugar puramente para fazer amizades, namorar, desabafar, etc. Deixando o estudo em último lugar. Gosto muito de me relacionar com as pessoas. Outro dia um aluno disse: professora faz a chamada pelo número que é mais rápido. Então pensei no condicionamento. Também alguns alunos, e não somente professores evitam se relacinar, se importar com outro.

Kilber Aurelio disse...

As pessoas hoje em dia tem muita sede de buscar o conhecimento porém não sabem lidar com ele quando estão em contato com ele , dai muitos acabam criando barreiras quanto ao relacionamento com os professores achando que aluno e professor não podem ter uma relação de amizade mas sim devem ficar distantes e só se aproximarem para que o aprendizado sobre a matéria ocorra .
O aprendizado é uma via de duas mãos , todos temos muito a aprender um com o outro , são historias diferentes, vivencias e conhecimentos em areas diferentes e isso muito ajudara na evolução consciencional da pessoa.
Nunca fui a escola pra namorar ou pra outros tipos de relacionamentos , até porque minha aparencia não me ajuda muito mas tenho a consciencia de que muitos vão sim para isso e tenho sobretudo a certeza de que as salas de aula são um lugar onde temos a predominancia de mentes totalmente vazias e muitas vezes preguiçosas ...
Pior de tudo é que a mediocridade das pessoas é tão grande que ao invés de enchergarem a sua propria situação colocam a culpa na metodologia utilizada pelo professor pondo em duvida a matéria dada ...
Preferem o conteudo mastigado contido nas paginas dos livros imensos do que a analise de casos reais que levam ao mesmo pensamento e desejam sair do curso com a teoria na cabeça porem esquecem que a pratica tambem é importante e que é essencial aguçarmos o senso critico para não ficarmos boiando na vida la fora .
Volto a questão da minha vergonha pela falta de inteligencia da minha geração . Pode ser que as pessoas estejam de fato mais libertas , mais ageis ou coisa parecida mas não sabem colocar a massa encefalica para funcionar e ao invés de enchergar isso preferem questionar a metodologia dada pelos professores .
Sinto falta sim um pouco dessa vida , de ter algum relacionamento amoroso mas quando paro pra pensar e vejo que ganhei conhecimento com isso e que se eu tenho condições de discutir os teztos dados em sala é por isso passo a ver essa falta de alguem com outros olhos ....

Boa Sorte Roger ...

Débora . disse...

Também converso muito com meu irmão mais novo sobre a importância dos estudos... Acho que a maioria culpa o bairro onde creceu, a situação em que vive para não ter progresso em sua própria vida, acho que nesse sentido quero não só para ele, mas para mim também e para meus conhecidos e amigos.. fazer a diferença dentro de uma geração que só vem regredindo, mas que tenho fé, que um dia vai mudar, mesmo que demore, enquanto existirem pessoas que acreditarem na revolução do que é "público", há esperanças =]