08 janeiro 2010

Outros Natais

O último Natal que passei com toda minha família materna foi em 1996, 13 anos atrás. Logo após este cabalístico divisor de águas, sempre preferi passar sozinho ou apenas na companhia de meus pais. A minha família materna tem histórias vergonhosas que prefiro não ser hipócrita justo na data mais pura de todas.

Ultimamente tenho todo o coração meio mole, e tenho feito algumas exceções, e neste Natal, achei que poderia fazer mais uma: estar com meus pais e receber toda minha família materna, unicamente para fazer minha mãe feliz, já que nunca nenhum deles, nos 07 anos que eles moram em SJC, foi visitar minha mãe, ainda mais todos juntos, e ainda mais numa data especial como Natal.

Apesar de meu pai achar (erroneamente, precipitadamente e preconceituosamente) que eu seria ríspido com meus parentes, mesmo sendo “cutucado com vara curta” em alguns momentos, não dei esse gostinho (ou desgosto) a ninguém: cumprimentei a todos (polidamente, claro) na chegada deles, à meia-noite e na hora que tive de viajar para Cuba.

É meio estranho ver minhas primas agora adolescentes bebendo, se “emperiquitando” para a noite de Natal, sendo que não conseguia associar àquelas meninas crianças quais tinham na minha escassa memória daqueles tempos.

A felicidade que pude proporcionar a minha mãe não tem preço, e acho que pensando na vida que minha mãe teve, na simplicidade que compõe seu mundo e nas coisas que a fazem feliz, acho que posso e devo proporcionar estes momentos a ela, já que não me arrancarão um braço e que para alguém como ela, faz toda a diferença.

Talvez ficou ambíguo porque eu faço minha mãe feliz com algo que não gosto (no caso esatr com minhas tias maternas): de uns tempos para cá, fico pensando quando será o momento que meu pai e minha mãe partirão, e se seus últimos momentos comigo e os de vida terão sido, pelo menos, agradáveis, já que sei que não poderei proporcionar-lhes luxo e a assistência médica que tanto precisam e precisarão. Temo, e muito, quando chegar à hora dos parentes de minha esposa (avós, pais, tios, irmãos) e tentar evitar que o estrago psicológico (o baque do momento) seja grande. Que eu possa estar presente e ser um amigo útil e sábio neste momento.

Tive e tenho o pensamento que filhos estão no mundo para terem vidas independentes da de seus pais, o que vai de encontro oposto com o que meus pais (e muitos pais) pensam sobre o papel dos filhos, que é ajudar na renda da casa dos pais, antes de pensar nos seus próprios futuros.

Mas este é tema para outro post, Deus sabe lá quando.

Um comentário:

Dinha disse...

Nossa! Quanta coisa! Só faltou falar que esse período de festas também foi de reflexão.
De fato, nestas X vezes que vamos à SJC, nunca via sua mãe tão feliz e livre. Por alguns momentos, ele pode resgatar a mulher cheia de vida, de aventura e de paixões. Acredito que para todos foi importante a reunião da família. Principalmente, pensando nos tempos atuais que parece que as pessoas não têm vínculos afetivos, poder reunir as irmãs(os), sobrinhos, filhos, em um momento de paz e fraternidade, certamente é o sonho de muita família.
Achei engraçado você falar que estar com "coração meio mole". Penso diferente, o seu coração está ascessível, livre, seguro, ama e sente-se amado, por isso, é possível permitir a aproximação até de quem poderia atacá-lo, porque hoje você está seguro em tudo. E pode-se considerar uma pessoa de muitas conquistas e sucessos.