25 julho 2009

Blindados

Meu, não que eu esteja reclamando, muito pelo contrário, agradeço diariamente ao papai do céu por fazer de meu casório uma senhora lua-de-mel, mas parece que a maioria absoluta dos amigos e colegas meus e de Dinha estão em crise, brigam direto, vivem em relações amorosas doentias, e isso me dá o maior medo e ao mesmo tempo pena de todos eles.

Não entendo porque os casais não conseguem manter uma conversa aberta, franca, sobre seus desejos, sonhos, aquelas coisas que irritam um no outro, os medos, falar as mesmas bobeiras que se fala na roda de amigos mas NUNCA falam quando o parceiro está por perto, não tentam se interessar em pelo menos saber conversar sobre os assuntos que o parceiro gosta (tal estilo de música, tal filme, tal programa de tv, como foi o dia de trabalho ou o que está pegando no trabalho). Ficam todos reclusos em suas bolhas e o que parece que as duas únicas coisas que mantém os casais unidos são o medo (ou a capacidade) de ficar sozinhos e o bom-velho-garantido sexo "seguro". Claro, no mínimo deprimente, parece que as pessoas têm medo de procurarem nas ruas a sua alma gêmea e acham que se terminarem com o atual parceiro, nunca mais encontrarão alguém, como se todos os solteiros disponíveis fossem o resto do resto.
Não entendo como as pessoas preferem viver reprimidas em suas relações amorosas ou se rebaixararem tanto em suas omissões e submissões, parece que as relações tiram a força da pessoa e qualquer tipo de boa perspectiva.
Nessas horas entendo perfeitamente o importante e fundamental papel da televisão brasileira com sua riquíssima programação cultural: novelas que incitam a vulgarização da mulher, o adultério no homem de meia idade, o BBB que incentiva nossos jovens a serem mais fúteis do que o tolerável, os desenhos animados que incitam a violência adormecida dentro de nossas crianças, os programas esportivos que só falam de futebol e mais especificamente de dois clubes brasileiros, os cruciais programas de "informações públicas" sobre a vida de pessoas famosas e a venda de seus produtos domésticos e de beleza, os comerciais que camufladamente só falam uma única palavra (compre...compre...compre...).
É difícil, dessa maneira, obter-se independência intelectual e mental, quase todos s preocupam com o que os outros falarão, pensarão, fofocaram, cansa-me muito saber que há pessoas que se importam mesmo com a opinião alheia e em cima desta opinião tentam moldar sua felicidade.
Onde fica o reset? aliás, será que ele existe? Infelizmente começo a suspeitar que não... ou não por muito tempo...

3 comentários:

Elise disse...

Gostei do seu post. Fico pensando nisso às vezes, como os casais se preocupam demais com as "aparências" e deixam o resto de lado... aliás ontem à noite eu assisti um filme chamado "Adivinha quem vem para o jantar", e o seu post me fez lembrar dele. =D

Kilber Aurelio disse...

Vou um pouco alem disso , será que os casais se casam hoje em dia por amor mesmo o u confundem amor com desejo? Quando se ama o assunto com a pessoa amada nao cessa , nao se temtempo para brigas e discussoes e quando elas ocorrem a comppreensao entre o casal permite que eles passem por cima das brigas de uma forma saudavel
perdoam ou resolvem seu problema facilmente ...
Ja os casados por desejo apenas tem os olhos voltados pro sexo , pro prazer como se seus parceiros fossem meros objetos sexuais feitos pra satisfazer seus desejos na hora que nescessitam Muitas pessoas reclamam que nao existem mais homens ou mulheres que nem antigamente as chamadas amélias , ninguem quer mais uma amelia em casa longe disso mas fico pensando o que era piorse era a amelia dos dias antigos ou a mulher de hj em dia
Procurar o parceiro ideal nao é só oçlhar forma , pacote e sim o conteudo dele ou dela só assim tendo afinidades , assunto e principalmente amando e nao desejandd apenas temos um casamento sólido ...
Grato pelo espaço , Parabens pelo post !

Maria Santos Moura disse...

Este realmente foi um post excelente. Há muito o que se comentar, então fazendo pequenos recortes penso que o primeiro equívoco que os casais em geral cometem, é pensar que o Amor, que os relacionamentos se auto-nutrem. Em outras palavras, dedicamos tempo para estudar, para trabalhar, cuidando das relações de amizade, investimos energias em compras, com a televisão, etc, etc, etc... Para muitos casais o casamento é visto como o fim, o grande objetivo foi alcançado: “agora tenho companhia para o resto da minha vida”. Ilusoriamente, as pessoas acreditam que não serão mais um a ocupar o divã de qualquer terapeuta, se acomodam. Para o relacionamento ser forte, firme e duradouro, é preciso cuidar dele,colocá-lo como uma das prioridades. Colocar-se no lugar do outro, sempre deixar espaço para o diálogo livre e jamais esquecer que em um casal não há anulação do outro. Juntos as pessoas se tornam mais forte, não porque são iguais, mas porque se completam. As diferenças quando respeitadas, tornam-se pontos fortes. Existem os projetos do casal, mas os projetos individuais não devem deixar de existir apenas porque a pessoa casou.
Este é um tema que se pode aprofundar muito, mas gostaria também de comentar a influência da mídia de uma forma geral na vida das pessoas. Se pensarmos que as questões voltadas à moral, ao caráter e a ética, não são inatas, mas aprendidas, reforçadas, estabelecidas e se pensarmos também que nossos jovens são mais influenciados pela tevê e pela internet, podemos concluir que seus valores e modos de pensar, julgar e agir é extremamente influenciado pelo que se passa na tevê, nos jornais, nas revistas, nas músicas. E realmente é triste, que a futilidade, a necessidade consumo seja tão forte em nossa vida.
Outro dia, vendo uma matéria sobre a música na França, um entrevistado disse que pela alta cultura e literatura francesa, a música é mais apreciada por seu conteúdo do que propriamente por sua melodia. Pensando no Brasil, que a escola está do jeito que está e nossa população tão interessa nas fofocas dos artistas é compreensível a futilidade nas relações e nas opções de cultura.